Em Brasília

Homem de idéias e de ideais, precisava de “terra fértil” para germiná-los. Voltou então seu olhar para Brasília, entusiasmado com a epopéia de sua construção no planalto central. O deslocamento do centro de decisões nacional para o interior do país, traria, segundo ele, um impulso desenvolvimentista uniforme para todo o Brasil, sempre acreditando na força da educação para alavancar esse desenvolvimento.

Já em Brasília, encaminhou os quatro filhos mais velhos para a vida profissional. Ocupou de 1961 a 1963 o cargo de Diretor do Serviço Contábil e Financeiro da Fundação Zoobotânica.

Na formação do Quadro Permanente de Pessoal do Governo do Distrito Federal, Oscar Fontes de Faria foi aprovado em segundo lugar no concurso de títulos. Para a promoção na categoria de economista, foi aprovado por mérito e, na prova de títulos, com a nota 100.

Oscar Fontes de Faria

Oscar Fontes de Faria

Também lecionou no Colégio Elefante Branco, templo da educação média de qualidade à época. Foi professor na Universidade de Brasília na disciplina Interpretação e Análise de Balanço. Exerceu também várias funções no Governo do Distrito Federal. Em 1971, Oscar Fontes de Faria foi requisitado e colocado à disposição do Ministério da Educação e Cultura para exercer o cargo de Assessor Chefe da Assessoria de Orçamentação do Departamento de Educação Complementar.

Apesar da função burocrática, chegou ao lugar certo: no âmago das decisões e diretrizes para a educação de todo o país. Com paixão, grande experiência e respeito, inspirou com suas idéias para uma educação de qualidade, no sentido amplo do termo, para todos os cidadãos brasileiros.

Oscar Fontes de Faria faleceu em 20 de dezembro de 1973, vítima de mieloma múltiplo.

No início dos sintomas pensou-se em algum tipo de reumatismo. Esse diagnóstico foi descartado quando a fraqueza, acompanhada de palidez, e as dores, se acentuavam cada dia mais.

Foi preciso então um procedimento cirúrgico. A cirurgia ocorreu no dia doze de setembro e o diagnóstico nefasto foi comprovado. Em conversa com o médico que o acompanhava desde os primeiros sintomas, Oscar Fontes de Faria pediu que nada lhe fosse escondido e, com profunda dignidade, ouviu toda a explicação sobre o seu estado de saúde.

Daí seguiu-se o tratamento com radioterapia e acompanhamento hematológico com transfusões de sangue semanais. Logo após a alta hospitalar voltou às suas atividades de professor e assessor no MEC, jamais se queixando ou deixando-se abater pela doença. Era, na verdade, um espírito forte e valente e isso o fazia uma pessoa admirada e respeitada no trabalho, pelos amigos, familiares e, principalmente, pela equipe de médicos que o acompanhavam. Estes tinham noção exata da doença e da força e dignidade do paciente.

Oscar Fontes de Faria

Oscar Fontes de Faria em Brasília

Já nos últimos momentos de sua vida, ouviu-se do médico que o acompanhou mais de perto: “não me conformo da ciência não me dar os recursos necessários para salvar um homem como este”.

Durante o curto período de sua doença Oscar Fontes de Faria participou com alegria de momentos familiares como o nascimento de quatro netos, batizados de três destes nascidos, em setembro e novembro, e de vários aniversários. Era sempre sorriso e bom humor.

Em dezembro seu estado de saúde agravou-se. Pequenas hemorragias nasais e profunda anemia eram constantes.

Oscar Fontes de Faria trabalhou até oito dias antes de seu falecimento. No dia 16 de dezembro, numa segunda-feira, foi internado para estancar uma hemorragia nasal e receber tratamento para se fortalecer para o natal em família.

Todavia, na madrugada do dia 19 para 20, teve um edema pulmonar e, na noite do dia 20 de dezembro, para profunda tristeza de todos os que tiveram o privilégio de com ele conviver, faleceu.

Oscar Fontes de Faria morreu aos 63 anos de idade, pobre de bens materiais como convém a um homem de firmes convicções, um idealista voltado para o bem comum. A relação de Oscar Fontes de Faria com a cidade de Estância foi uma bela história de amor. Ele se doou à sua amada e ela, por sua vez, proporcionou-lhe operar nela o seu espírito criador.